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I Ching, o Livro das Mutações - Livro Primeiro, Hexagrama 62: Hsiao Kuo / A Preponderância do Pequeno

Imagem de 'Hsiao Kuo / A Preponderância do Pequeno' - hexagrama número 62, de 64 que fazem parte do I Ching, o Livro das Mutações

Esse texto faz parte da série a respeito do I Ching, o Livro das Mutações, que publicamos no blog quinzenalmente. A proposta é apresentar os textos sobre os 64 hexagramas publicados nos livros Primeiro e Terceiro do livro de Richard Wilhelm.

Para entender melhor o que é o I Ching, sugerimos dar uma olhada no post:


Para consultar o índice dos 64 hexagramas, basta acessar:


Cada hexagrama inclui:

  • uma introdução geral, apresentando aspectos básicos do hexagrama;
  • nome do hexagrama (卦名 guàmíng), que por si só já é repleto de simbolismos;
  • texto, também chamado julgamento ou oráculo, que revela em linguagem simbólica o significado do hexagrama e possui poucas frases, tendo a ele sido adicionados comentários e interpretações ao longo dos séculos, a fim de ajudar o leitor a traduzir o ensinamento ancestral;
  • imagem ou símbolo, que apresenta uma mensagem adicional, com um modelo de conduta ou um conselho estratégico para lidar com a situação indicada pelo hexagrama; e
  • os textos das linhas, em número de seis, indicam alternativas ou transformações possíveis das condições retratadas no hexagrama - lembrando que as linhas são contadas de baixo para cima, sendo a linha inferior a primeira.

E isso é basicamente tudo que você precisa saber para continuar. Boa leitura!

Livro Primeiro (o Texto), Hexagrama 62: Hsiao Kuo / A Preponderância do Pequeno



No hexagrama 28, PREPONDERÂNCIA DO GRANDE, as linhas fortes predominam e encontram-se no interior, encerradas entre duas linhas fracas, uma ao início e outra ao final.

No presente hexagrama, são as linhas fracas que predominam, embora aqui também elas estejam no exterior e as linhas fortes permaneçam no interior.

Nisso justamente consiste o caráter excepcional da situação indicada pelo hexagrama.

Quando as linhas fortes estão no exterior, têm-se o hexagrama I, PROVER ALIMENTO (27), e o Chung Fu, VERDADE INTERIOR (61). Nenhum deles se refere a uma situação de exceção.

Quando as linhas fortes estão em maioria no interior do hexagrama, elas impõem sua vontade. Isso dá origem a lutas e a condições excepcionais em geral.

Mas no presente hexagrama é o elemento fraco que, por força das circunstâncias, terá de servir de mediador com o mundo externo.

Quando um homem ocupa uma posição de autoridade para a qual ele é, por natureza, realmente inadequado, uma extraordinária prudência é necessária.

Julgamento


A PREPONDERÂNCIA DO PEQUENO. Sucesso. A perseverança é favorável. Pequenas coisas podem ser realizadas, grandes coisas não devem ser feitas. O pássaro, voando, traz a mensagem: não é aconselhável o esforço em direção ao alto, é aconselhável permanecer embaixo. Grande boa fortuna!

Uma extraordinária modéstia e um espírito consciencioso, sem dúvida, serão recompensados pelo sucesso.

Todavia, para que o homem não se desperdice, é importante que essas qualidades não se transformem em formalismo vazio e subserviência, mas que sejam sempre acompanhadas por uma íntegra dignidade em seu comportamento pessoal.

É necessário que se compreendam as exigências do momento para que se possa encontrar a adequada solução para as carências e danos que um tal período implica.

De qualquer modo, não se deve esperar grandes sucessos, pois falta a força necessária para tanto.

Por isso é tão importante a mensagem de não alimentar aspirações muito altas e, sim, de limitar-se a metas humildes.

A estrutura do hexagrama sugere a idéia de que essa mensagem é trazida por um pássaro.

No hexagrama Ta Kuo, PREPONDERÂNCIA DO GRANDE (28), as quatro linhas fortes, pesadas, no interior, apoiadas em duas linhas fracas no exterior, sugerem a imagem de uma viga-mestra cedendo.

Aqui as linhas fracas de sustentação estão ambas no exterior e em maioria. Isso sugere a imagem de um pássaro voando nas alturas.

Mas um pássaro não deve se superestimar tentando voar em direção ao sol; ele deve descer para a terra onde está o seu ninho. Assim, ele transmite a mensagem anunciada pelo hexagrama.


Imagem


Trovão sobre a montanha: a imagem da PREPONDERÂNCIA DO PEQUENO. Assim, o homem superior em sua conduta faz com que prepondere o respeito. Em casos de luto, ele faz com que o fator preponderante seja a tristeza. Em suas despesas, faz com que prepondere a parcimônia.

O trovão na montanha é diferente de quando ocorre na planície.

Na montanha, o trovão parece estar muito mais próximo, enquanto que fora das regiões montanhosas é menos audível que numa tempestade comum.

Assim, o homem superior extrai, dessa imagem, um imperativo: ele deve, em todos os momentos, fixar sua atenção mais detalhada e diretamente sobre o dever do que o homem comum, mesmo que isso possa fazer a sua conduta parecer mesquinha aos olhos do mundo.

Ele é especialmente consciencioso em seus atos.

Em caso de luto, a emoção significa mais para ele do que as formalidades externas do cerimonial. Em seus gastos pessoais, ele é muito simples e despretensioso.

Tudo isso faz com que frente ao homem do povo ele se sobressaia como alguém excepcional.

Mas o significado essencial de sua atitude reside no fato de que, em assunto externos, ele está ao lado dos humildes.

Textos das linhas


Garça voa próxima ao ninho, observada pela parceira, com céu azul ao fundo: ilustra a seção a respeito dos textos das linhas de ''Hsiao Kuo / A Preponderância do Pequeno'', um dos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações


Seis na primeira posição significa: em seu vôo o pássaro encontra o infortúnio.

Um pássaro deve permanecer no ninho até emplumar-se. Se ele tenta voar prematuramente, atrai sobre si o infortúnio.

Medidas extraordinárias só devem ser tomadas quando já não há outra solução.

Ao início, deve-se recorrer aos meios tradicionais e utilizá-los enquanto for possível, pois, de outro modo, se provocaria uma exaustão, esgotando-se as forças sem realizar coisa alguma.

Seis na segunda posição significa: ela passa por sua ancestral e encontra sua ancestral. Ele não chega até ao príncipe e encontra o funcionário. Nenhuma culpa.

São citadas aqui duas situações excepcionais: no templo dos ancestrais, onde as gerações se alternavam, o neto colocava-se ao lado do avô, tendo, portanto, relações mais próximas com ele.

Essa linha se refere à esposa do neto, que durante o sacrifício passa diante do avô e segue em direção à avó. Porém, essa conduta fora do comum é uma expressão de sua modéstia.

Ela ousa se aproximar da avó por se sentir mais ligada a ela em virtude de serem do mesmo sexo. Por isso, o desvio das normas aqui não deve ser considerado um erro.

O outro símbolo se refere a um funcionário que, de acordo com as regras, solicita em primeiro lugar uma audiência com o príncipe. Se ele não o consegue, não tenta forçar nada e, consciencioso, cumpre seu dever tomando seu lugar entre os demais funcionários.

Em épocas de exceção, essa extraordinária discrição não é um erro.

(Como regra, cada funcionário deveria primeiramente ter uma audiência com o príncipe, que o designaria ao cargo. Aqui, é o ministro quem o indica.)



Nove na terceira posição significa: se ele não tiver uma extraordinária cautela, alguém pode vir por detrás e golpeá-lo. Infortúnio.

Há épocas em que uma extraordinária precaução é absolutamente necessária.

Mas é justo nessas situações que, muitas vezes, surgem pessoas íntegras e fortes que, conscientes de estarem em seus direitos, recusam-se a tomar precauções, pois consideram isso uma atitude mesquinha.

Preferem seguir seus caminhos, orgulhosos e despreocupados. Mas essa autoconfiança os engana. Há perigos espreitando-os, para os quais não estão preparados.

Porém, tal ameaça não é inevitável; pode-se escapar caso se compreenda que esse período exige uma atenção especial às coisas pequenas e insignificantes.

Nove na quarta posição significa: nenhuma culpa. Sem ultrapassá-lo, ele o encontra. Ir adiante traz perigo. Deve-se ficar em guarda. Não atue. Seja constantemente perseverante.

A rigidez do caráter é temperada pela suavidade da posição e, com isso, nenhum erro é cometido. A situação aqui exige extrema cautela.

Não se deve tomar nenhuma iniciativa em busca de sua meta. Se o homem insistir em seguir adiante, procurando forçar o caminho para seu objetivo, correrá perigo.

Por isso, é preciso se por em guarda, não atuar, mas permanecer interiormente perseverante.



Seis na quinta posição significa: nuvens densas. Nenhuma chuva vem da nossa região oeste. O príncipe atira e atinge aquilo que está na caverna.

Tratando-se aqui de uma posição elevada, a imagem do pássaro voando foi substituída por nuvens que passam no céu.

Mas, ainda que densas, elas passam pelo céu, porém não trazem chuva alguma.

Assim também, em épocas excepcionais é possível que haja um governante nato, predestinado a trazer ordem ao mundo, mas que se veja impossibilitado de realizar qualquer coisa e beneficiar seu povo por se encontrar só, sem dispor de auxiliares.

Em tais épocas devem-se procurar companheiros com cuja ajuda se possam realizar os objetivos propostos.

Mas é preciso humildemente procurar esses auxiliares nos esconderijos para os quais se retiraram. Não é a fama nem a reputação que são importantes, mas as suas efetivas realizações.

Com essa atitude modesta encontra-se o homem certo e se pode levar a cabo a extraordinária obra, apesar de todas as dificuldades.

Seis na sexta posição significa: cruzando com ele sem ir a seu encontro. O pássaro em seu voo o abandona. Infortúnio! Isso significa infelicidade e prejuízos

Quando se atira demasiado para o alto, o alvo não será atingido. Se o pássaro não retorna ao seu ninho, porém voa cada vez mais para o alto, acaba por cair na rede do caçador.

Aquele que não sabe se conter durante o período em que a tendência a pequenas coisas é preponderante e que, irrequieto, insiste em forçar seu caminho para adiante cada vez mais, atrai sobre si o infortúnio tanto da parte dos deuses como dos homens.

Isso ocorre porque ele se afastou da ordem da natureza.

Depois de tudo

E aqui alcançamos o final do texto sobre o hexagrama Hsiao Kuo / A Preponderância do Pequeno, da primeira parte do livro I Ching, o Livro das Mutações.

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Para consultar o índice dos hexagramas, clique:

Próximo hexagrama:

Hexagrama anterior:


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Créditos e referências

Ilustrações e fotos creditadas na ordem em que aparecem no post.

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