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Clássico da Poesia: Lições dos Estados, Livro XI - Odes de Qin (126 a 135)

O símbolo da cidade de Dunhuang: a estátua de Fan Tan Pipa representando uma mulher dançando e tocando, nas costas, um pipa (alaúde de quatro cordas chinês).

Ni hao!

Este é mais um post da série com a tradução dos 305 poemas do Shijing - Clássico da Poesia (ou Livro das Canções), a mais antiga coleção de poemas da China, supostamente compilada por ninguém menos que Confúcio.

Como não entendo quase nada de mandarim, as traduções são feitas a partir da clássica versão em inglês com a qual nos brindou James Legge.

Os 10 poemas a seguir são do Livro XI - Odes de Qin, da primeira parte da obra: Lições dos Estados.

Divirta-se!


126. Che Lin

Ele tem tantas carruagens, avançando seu lin-lin;
Ele tem cavalos com as testas brancas.
Antes que possamos ver nosso príncipe
Precisamos obter os serviços do eunuco.

Nas encostas dos morros há árvores de verniz;
Nos baixos terrenos úmidos há castanhas.
Quando vimos nosso príncipe
Nós sentamos juntos com ele e eles tocaram seus alaúdes.
Se agora não nos alegramos,
O tempo passará até sermos octogenários.


Nas encostas dos morros há amoreiras;
Nos baixos terrenos úmidos há salgueiros.
Quando vimos nosso príncipe
Nós nos sentamos juntos com ele e eles tocaram seus órgãos.
Se agora não nos alegramos,
O tempo passará até não existirmos mais.


127. Si Tie

Seus quatro cavalos negro-ferrosos estão em muito boas condições;
As seis rédeas estão na mão [do cocheiro].
Favoritos do governante,
Sigam-no para a caçada.

Os animais machos da estação estão prontos para se apresentar,
Os machos da estação, de tamanho muito grande.
O governante diz: "À esquerda deles";
Então ele solta suas flechas e acerta.

Ele passeia pelo parque do norte;
Seus quatro cavalos exibem seu treinamento.
Carruagens leves, com sinos nos cabrestos dos cavalos,
Transportam os cães de focinhos longos e curtos.

128. Xiao Rong

[Há] sua carruagem curta de guerra;
Com a ponta de seu cabeçalho em forma de crista, elegantemente atado em cinco lugares;
Com seus anéis deslizantes e correias laterais,
E os traços presos por anéis dourados ao transversal mascarado;
Com seu belo tapete de pele de tigre e suas longas naves;
Com seus cavalos malhados com patas esquerdas brancas.
Quando penso no meu marido [assim],
Parecendo ameno e suave como um pedaço de jade;
Vivendo lá em sua casa de tábuas;
Confusão entra em todos os cantos do meu coração.

Seus quatro cavalos estão em muito boas condições
E as seis rédeas estão na mão [do cocheiro].
O malhado e o baio com crina negra são os interiores;
O amarelo com boca preta e o negro são os laterais;
Lado a lado estão colocados os escudos em forma de dragão;
Douradas são as fivelas das rédeas internas.
Eu penso no meu marido [assim],
Parecendo tão benigno nas cidades de lá.
Que hora pode ser definida para o seu retorno?
Oh! como eu penso nele!

Seus soldados de armaduras se movem em grande harmonia;
Há as lanças tridentes com suas pontas douradas;
E o belo escudo em forma de pena;
Com o estojo do arco de pele de tigre e os ornamentos de metal esculpido na frente.
Os dois arcos são colocados no estojo,
Atados com barbante a suas armações de bambu.
Eu penso no meu marido
Quando me deito e me levanto.
Tranquilo e sereno é o bom homem
Com sua fama virtuosa espalhada longe e perto.


129. Jian Jia

Os caniços e juncos estão profundamente verdes
E o orvalho branco foi transformado em geada.
O homem em quem eu penso
Está em algum lugar sobre a água.
Eu subo a corrente em busca dele,
Mas o caminho é difícil e longo.
Eu desço a corrente em busca dele
E eis! ele está bem no meio da água.

Os caniços e juncos estão luxuriantes
E o orvalho branco ainda não está seco.
O homem em quem eu penso
Está à margem da água.
Eu subo a corrente em busca dele,
Mas o caminho é difícil e tortuoso.
Eu desço a corrente em busca dele
E eis! ele está na ilhota no meio da água.

Os caniços e juncos estão abundantes
E o orvalho branco ainda não cessou.
O homem em quem eu penso
Está na ribanceira do rio.
Eu subo a corrente em busca dele
Mas o caminho é difícil e vira para a direita.
Eu desço a corrente em busca dele
E eis! ele está na ilha no meio da água.

130. Zhong Nan

O que há em Zhongnan?
Há abetos brancos e ameixeiras.
Nosso príncipe chegou lá,
Vestindo um manto bordado sobre o pêlo de raposa
E com o seu semblante corado como vermelhão.
Que ele possa se provar um governante de fato!

O que há em Zhongnan?
Há recantos e clareiras abertas.
Nosso príncipe chegou lá,
Com o símbolo de distinção bordado em sua roupa inferior
E as gemas em sua cinta emitindo seus tilintares.
Podem uma vida longa e um nome eterno ser dele?


131. Huang Niao

Eles voam por aí, os pássaros amarelos,
E repousam nas jujubeiras.
Quem seguiu o duque Mu [ao túmulo]?
Ziche Yansi.
E esse Yansi
Era um homem acima de cem.
Quando ele veio ao túmulo
Ele parecia aterrorizado e tremia.
Tu aí, índigo Céu!
Tu estás destruindo nossos bons homens.
Ele poderia ter sido redimido,
Nós deveríamos ter dado cem vidas por ele.

Eles voam por aí, os pássaros amarelos,
E repousam nas amoreiras.
Quem seguiu o duque Mu [ao túmulo]?
Ziche Zhongheng.
E esse Zhongheng
Era equivalente a cem.
Quando ele veio ao túmulo
Ele parecia aterrorizado e tremia.
Tu aí, índigo Céu!
Tu estás destruindo nossos bons homens.
Ele poderia ter sido redimido,
Nós deveríamos ter dado cem vidas por ele.

Eles voam por aí, os pássaros amarelos,
E repousam sobre os espinheiros.
Quem seguiu o duque Mu [ao túmulo]?
Ziche Qianhu.
E esse Ziche Qianhu
Poderia resistir a cem homens.
Quando ele veio ao túmulo
Ele parecia aterrorizado e tremia.
Tu aí, índigo Céu!
Tu estás destruindo nossos bons homens.
Ele poderia ter sido redimido,
Nós deveríamos ter dado cem vidas por ele.

132. Chen Feng

Veloz voa o falcão
Para a floresta densa ao norte.
Enquanto eu não vejo meu marido,
Meu coração não pode esquecer sua dor.
Como está, como está,
Que ele me esquece tanto?

Na montanha estão os carvalhos espessos;
Nos baixos terrenos úmidos estão seis elmos.
Enquanto eu não vejo meu marido,
Meu coração triste não tem alegria.
Como está, como está,
Que ele me esquece tanto?

Na montanha estão as espessas ameixeiras;
Nos baixos terrenos úmidos estão as altas, selvagens pereiras.
Enquanto eu não vejo meu marido,
Meu coração está como se intoxicado pelo pesar.
Como está, como está,
Que ele me esquece tanto?


133. Wu Yi

Como se dirá que você não tem roupas?
Eu vou compartilhar minhas longas vestes com você.
O rei está levantando suas forças;
Prepararei minhas lanceta e lança
E serei seu camarada.

Como se dirá que você não tem roupas?
Eu vou compartilhar minhas roupas de baixo com você.
O rei está levantando suas forças;
Prepararei minhas lanceta e lança
E tomarei o campo com você.

Como se dirá que você não tem roupa?
Eu vou compartilhar minhas vestimentas inferiores com você.
O rei está levantando suas forças;
Vou preparar minha couraça e armas afiadas
E vou marchar com você.


134. Wei Yang

Eu escoltei o sobrinho da minha mãe
Para o norte do Wei.
O que eu dei de presente a ele?
Quatro cavalos baios para sua carruagem de Estado.

Eu escoltei o sobrinho da minha mãe.
Muito, muito eu pensei nele.
O que eu dei de presente a ele?
Um precioso jaspe e gemas para seu pingente de cinta.


135. Quan Yu

Ele nos concedeu uma casa grande e espaçosa;
Mas agora, em todas as refeições, não resta mais nada.
Ai por ele não poder continuar como ele começou!

Ele nos concedeu em todas as refeições quatro pratos de grãos;
Mas agora, em todas as refeições, não nos satisfazemos.
Ai por ele não poder continuar como ele começou!



É isso aí. Zái Jiàn!

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Créditos e referências

Ilustrações e fotos creditadas na ordem em que aparecem no post.


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