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Clássico da Poesia: Lições dos Estados, Odes de Yong (45 a 54)

Barco a vela navegando em algum rio da China ilustra este post sobre o Shijing, o Livro das Canções.

Ni hao!

Este é mais um post da série com a tradução dos 305 poemas do Shijing - Clássico da Poesia (ou Livro das Canções), a mais antiga coleção de poemas da China, supostamente compilada por ninguém menos que Confúcio.

Como não entendo quase nada de mandarim, as traduções são feitas a partir da clássica versão em inglês com a qual nos brindou James Legge.

Os 10 poemas a seguir são do Livro IV - Odes de Yong, da primeira parte da obra: Lições dos Estados.

Divirta-se!


45. Bo Zhou

Ele flutua, aquele barco de madeira de cipreste,
Lá no meio do He.
Com suas duas mechas de cabelo caindo sobre a testa,
Ele era meu companheiro;
E juro que até a morte não terei outro.
Ó mãe, ó Céu,
Por que você não me entende?

Ele flutua, aquele barco de madeira de cipreste,
Lá na margem do He.
Com suas duas mechas de cabelo caindo sobre a testa,
Ele era meu único;
E eu juro que até a morte eu não farei a coisa má.
Ó mãe, ó Céu,
Por que você não me entende?


46. Qiang You Ci

O tribulus cresce na parede
E não pode ser removido.
A história da câmara interna
Não pode ser contada.
O que teria que ser dito
Seria o mais vil dos recitais.

O tribulus cresce na parede
E não pode ser removido.
A história da câmara interna
Não pode ser particularmente relatada.
O que pode ser particularmente relatado
Seria uma longa história.

O tribulus cresce na parede
E não pode ser juntado [e levado embora].
A história da câmara interna
Não pode ser recitada.
O que pode ser recitado
Seria a mais lamentável das coisas.



47. Jun Zi Xie Lao

O marido é para sua velhice,
Em seu cocar, e os grampos cruzados, com suas seis jóias;
Calma e elegante em seus movimentos;
[Imponente] como uma montanha, [majestosa] como um rio,
Bem apropriadas suas vestes coloridas:
[Mas] com sua falta de virtude, ó senhora,
O que você tem a ver com essas coisas?

Quão rico e esplêndido
É seu robe com um faisão retratado!
Seus cabelos negros em massas como nuvens,
Dela não pendem falsas madeixas.
Há seus brincos de jade,
Seu pente de marfim,
E sua testa alta, tão branca.
Ela parece uma visitante do Céu!
Ela parece uma deusa!

Quão rico e esplêndido
É seu régio robe!
É usado sobre a melhor musselina de dolichos,
O vestuário mais pesado e quente sendo removido.
Claros são os olhos dela; bela é a sua fronte;
Cheios são seus templos.
Ah! uma mulher como essa!
A beleza do país!


48. Sang Zhong

Eu vou colher a cuscuta,
Nos campos de Mei.
Mas de quem são meus pensamentos?
Daquela beleza, a mais velha de Jiang.
Ela marcou um encontro comigo em Sangzhong;
Ela vai me encontrar em Shanggong;
Ela vai me acompanhar até Qishang.

Eu vou colher o trigo
Ao norte de Mei.
Mas de quem são meus pensamentos?
Daquela beleza, a mais velha de Yi.
Ela marcou um encontro comigo em Sangzhong;
Ela vai me encontrar em Shanggong;
Ela vai me acompanhar até Qishang.

Eu vou colher a planta de mostarda,
Ao leste de Mei.
Mas de quem são meus pensamentos?
Daquela beleza, a mais velha de Yong.
Ela marcou um encontro comigo em Sangzhong;
Ela vai me encontrar em Shanggong;
Ela vai me acompanhar até Qishang.



49. Chun Zhi Ben Ben

Corajosamente fiéis em seus pares são codornas;
Vigorosamente assim são pegas.
Esse homem é todo vicioso,
E eu considero ele meu irmão!

Vigorosamente fiéis em seus pares são pegas;
Corajosamente assim são codornas.
Essa mulher é toda viciosa
E eu a considero como marquesa.


50. Ding Zhi Fang Zhong

Quando Ding culminou [ao cair da noite],
Ele começou a construir o palácio em Chu.
Determinando seus aspectos por meio do sol,
Ele construiu a mansão em Chu.
Ele plantou árvores de avelã e castanha,
O yi, o tong, o zi e a árvore da laca,
Que, quando cortada, pode proporcionar suprimentos para alaúdes.

Ele levantou as paredes antigas
E então vistoriou [o sítio de] Chu.
Ele examinou Chu e Tang,
Com as colinas altas e elevações altivas:
Ele desceu e examinou as amoreiras;
Ele então vaticinou e obteve uma resposta afortunada;
E assim as coisas têm sido realmente boas.

Quando as boas chuvas tivessem caído,
Ele ordenaria a seu cavalariço,
À luz das estrelas, pela manhã, que jungisse sua carruagem,
E então pararia entre as amoreiras e campos.
Mas não apenas desse modo ele mostrou o que era;
Mantendo em seu coração uma profunda devoção aos seus deveres,
Seus cavalos e éguas altos equivaliam a três mil.


51. Di Dong

Há um arco-íris no leste,
E ninguém se atreve a apontar para ele.
Quando uma garota vai embora [de sua casa],
Ela se separa de seus pais e irmãos.

De manhã [um arco-íris] nasce no oeste,
E [só] durante a manhã há chuva.
Quando uma garota vai embora [de sua casa],
Ela se separa de seus irmãos e pais.

Esta pessoa
Tem seu coração apenas em estar casada.
Imensamente insincera consigo mesma
Ela não reconhece [a lei de] sua sina.



52. Xiang Shu

Olhe para um rato - ele tem sua pele;
Mas um homem deve estar sem dignidade de comportamento.
Se um homem não tem dignidade de comportamento,
O que deveria, se não morrer?

Olhe para um rato - ele tem seus dentes;
Mas um homem não terá nenhum comportamento correto.
Se um homem não tem o comportamento correto,
O que deveria esperar, se não a morte?

Olhe para um rato - ele tem seus membros;
Mas um homem não terá nenhuma regra de decoro.
Se um homem não observa regras de decoro,
Por que ele não morre rapidamente?


53. Gan Mao

Conspicuamente erguem-se os mastros com suas caudas de boi,
Nos subúrbios distantes de Jun,
Ornamentados com as faixas de seda branca;
Há quatro carruagens com seus bons cavalos,
Aquele admirável cavalheiro
O que ele lhes dará [pela sua]?

Conspicuamente erguem-se os mastros com seus estandartes de falcão,
Nos subúrbios mais próximos de Jun,
Ornamentados com as fitas de seda branca;
Há quatro carruagens com seus bons cavalos,
Aquele admirável cavalheiro
O que ele lhes dará [pela sua]?

Conspicuamente erguem-se os mastros com suas flâmulas emplumadas,
Nas muralhas de Jun,
Atados com os cordões de seda branca;
Há seis carruagens com seus bons cavalos,
Aquele admirável cavalheiro
O que ele lhes dará [pela sua]?


54. Zai Chi

Eu teria galopado meus cavalos e os chicoteado,
Voltando a compadecer-me com o marquês de Wei.
Eu os teria impelido por todo o longo caminho,
Até chegar em Cao.
Um grande oficial se foi, por sobre as colinas e através dos rios;
Mas meu coração está cheio de tristeza.

Você desaprovou minha [proposta]
E eu não posso voltar para [Wei];
Mas eu considero você errado
E não posso esquecer o meu propósito.
Você desaprovou meu propósito
Mas eu não posso retornar através dos rios;
Mas eu considero você errado
E não posso calar meus pensamentos.

Eu subirei aquele monte com a encosta íngreme,
E colherei os lírios de madrepérola.
Eu poderia, como mulher, ter muitos pensamentos,
Mas cada um deles era praticável.
As pessoas de Xu me culpam
Mas elas são todas infantis e precipitadas [em suas conclusões].

Eu teria passado pelo campo,
Em meio ao trigo tão luxuriante.
Eu teria levado o caso perante o grande Estado.
Em quem deveria ter confiado? Quem viria [à ajuda de Wei]?
Ó grandes oficiais e senhores,
Não me condenem.
Os cem planos em que vocês pensam
Não são iguais ao curso que eu ia tomar.



É isso aí. Zái Jiàn!



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Créditos e referências

Ilustrações e fotos creditadas na ordem em que aparecem no post.


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