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Sun Tzu, a história de Qi e a rádio peão em ação

Peões nos bastidores de um rodeio norte-americano

Retomando o fio da meada da história de Qi, eis que nos deparamos com personagens que já vimos anteriormente.

O ano é 533 AEC - o dragão de terra cospe fogo no calendário chinês e o autor da Arte da Guerra, Sun Tzu, já ronda os 11 anos de idade.

As personagens de que falamos são ninguém menos que Gongsun Chai (Ziwei) e Ziqi.

A treta é a seguinte: Ziwei morre e Ziqi quer se aproveitar da situação para, adivinha, ganhar um pouquinho mais de poder. Como?

Tomando para si o comando do clã de Ziwei. Para se ter uma ideia do tamanho da encrenca (e do bônus, em caso de sucesso) Ziwei recebera muitas cidades por conta da fuga de Qing Feng e tornara-se um dos conselheiros favoritos do marquês de Qi, por ele inclusive considerado leal.

Ziqi desdenhou desse status e providenciou então o assassinato do mordomo do filho de Ziwei, que chamava-se Ziliang.

Pouco tempo depois, dá um jeito de fazer com que Zicheng, Zigong e Ziju (não faço ideia) fujam para Lu (nem todos os caminhos levam a Wu) e indica um novo mordomo para Ziliang.

Só que a vida de Ziqi não seria tão fácil assim. Aparentemente Ziliang tinha a simpatia de seus servos, que organizaram prontamente um ataque a Ziqi.

Por sua vez, o finado Ziwei também se dava bem com Tian Huanzi, o pai de Sun Tzu, que estava disposto a ajudar.

Rádio peão em ação

Entretanto, a rádio peão rapidamente informou Ziqi do que estava acontecendo.

Ele então saiu para confrontar Ziliang, mas acabou indo parar na residência de Tian Huanzi, que o recebeu como se nada estivesse acontecendo.

Após um diálogo bem matreiro entre os dois, Tian Huanzi conseguiu acalmar os ânimos e a paz entre as duas famílias foi restaurada.

Acontece que as coisas mudam rapidamente, quem é inimigo hoje amanhã pode ser amigo e vice-versa.

Não é de ver que, dois anos depois dos fatos acima narrados, virou-se a mesa e Luan Santana Shi juntou-se a Gao Qiang contra os Tian?

Pois é, acho que você já está desconfiando, mas vou dizer assim mesmo: Luan é o Ziqi e Gao, o Ziliang. Pelo que entendi do riscado eles eram os respectivos chefes das famílias Luan e Gao.

E mais: não somente eram chegados a uma birita, como também davam crédito (demais?) ao que as mulheres falavam e possuíam muitas animosidades.

Como não bastasse, achavam-se mais poderosos que as famílias Tian e Bao. Na verdade, odiavam-nos. Tanto que organizaram uma investida contra seus desafetos.

Obviamente, a rádio peão retomou os trabalhos (ou seriam espiões de que falava Sun Tzu?) e tanto Tian Huanzi quanto o chefe dos Bao souberam dos planos de Ziqi e Ziliang.

Naturalmente, os ameaçados tornaram-se aliados e partiram para o ataque, de modo a surpreender seus adversários.

Foi no quinto mês, no dia gengchen do ciclo sexagenário, que ambas as facções se enfrentaram.

Após três batalhas dentro da cidade - uma no altar de Houji, outra na rua Zhuang e a última próxima ao portão Lu - Luan Shi e Gao Qiang foram derrotados e acabaram fugindo para Lu.

São Francisco chinês

Tian e Bao dividiram os espólios entre si, mas como nem tudo são flores, eis que me aparece novamente Yanzi e seus conselhos a Huanzi - bem no estilo "Sun Tzu disse".

A proposta era simples: entregar sua parte do butim para o duque. O conselheiro argumentou mais ou menos o seguinte:

Deferência cordial é o ponto essencial da virtude. É uma qualidade admirável. Todos os que têm sangue e respiração tem uma disposição para brigar uns com os outros e, portanto, ganhos não devem ser buscados por meio da violência. É melhor pensar em justiça. Justiça é a origem dos ganhos. O acúmulo de ganhos produz infortúnio; deixe-me aconselhá-lo a, no presente, não buscar esse acúmulo. Você vai descobrir que tal curso conduz ao crescimento de sua superioridade.

Não acho que tenha sido só por conta do conselho, mas o fato é que Huanzi entregou toda sua parte ao duque e decidiu retirar-se para cidade de Ju.

Também abriu o saco de bondades: viabilizou o retorno para Qi de vários exilados, entre eles filhos e netos de regentes anteriores. Além disso distribuiu seus grãos aos pobres, órfãos e viúvas.

Na sequência, o duque quis dar a Huanzi a cidade vizinha a Ju, mas ele recusou. A mãe do duque, Mu Mengji, insistiu para que ele ficasse com Gaotang e não está claro se ele aceitou ou não.

O fato é que a partir da vitória sobre os Luan e os Gao, bem como valendo-se de dessa atitude franciscana (ou seria populista? ou seria maquiavélica?) a família Tian ganhou ainda mais respeito e poder em Qi.

Sun Tzu tinha uns 13 anos e provavelmente já acompanhava com mais atenção às ações do pai e o desenrolar dos acontecimentos em sua terra natal.

Não sei o quanto isso tudo o influenciou, mas é bem provável que no livro este episódio se reflita em sua vida adulta, que tal?

Enquanto você reflete, vamos ficando por aqui. Espero que tenha curtido e gostaria de saber sua opinião sobre o texto e o blog nos comentários. Pilha?

Zài Jiàn!

Créditos e referências

  • Foto dos peões direto das lentes de Raul Pereira, obtida via G1.

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