Sun Tzu, a história de Qi e um suruba danadinha na China antiga
Então, bem-vindo à terceira parte da série de posts sobre a história de Qi, (provável) terra natal de Sun Tzu, o amigão da vizinhança autor do milenar tratado bélico A Arte da Guerra.
Caso tenha perdido os outros (aqui e aqui), estou me focando agora nessa história porque decidi escrever o livro sobre o chinês endiabrado a partir das venturas e desventuras de sua (também provável) família, os Campos (Tian).
Agora, estamos na primavera de 544 AEC (mais um ano da cobra de fogo pelo tradicional calendário chinês).
Passada a reunião de cúpula em que Chu e Jin quase se estranharam de vez (as duas províncias viviam uma espécie de guerra fria na época), o marquês de Qi teve que ir a Jin para honrar os acordos feitos em Song.
Quando ele estava para ir, Qing Feng, seu todo-poderoso ministro, questionou a ação:
Não entendo exatamente o que ele quis dizer, já que eles estiveram em Song. Pode ser que não tenham participado das discussões, nem influenciado (diretamente) decisão alguma.
De qualquer maneira, foi Tian Wenzi, o provável avô de Sun Tzu (Tian Kai/Wuzi), quem respondeu:
A depender do desenrolar do meu trabalho, depois posso eventualmente escrever a respeito desse pacto de Chongqiu.
Nesse momento quero destacar que, ao que me parece, Tian Wenzi, parecia ser uma pessoa ponderada, que tinha uma boa noção de até onde ia o poder de Qi.
Já Qing Feng, ainda não entendi muito qual é a dele, mas está começando a me parecer que tem algo de assemelhado ao famigerado Nang Wa, vamos ver (e isso pode ser bom para minha história).
Curiosamente o duque Jing estava presente à cerimônia, mas aparentemente não sabia de nada, pois Bao Guo, um dos aliados de Tian Wenzi, teve que acalmar o regente antes de entregá-lo à proteção de Tian Xuwu, outro integrante da família do autor d'A Arte da Guerra.
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Pintura erótica chinesa encontrada no Pinterest (sem indicação de autoria ou data).
Caso tenha perdido os outros (aqui e aqui), estou me focando agora nessa história porque decidi escrever o livro sobre o chinês endiabrado a partir das venturas e desventuras de sua (também provável) família, os Campos (Tian).
Agora, estamos na primavera de 544 AEC (mais um ano da cobra de fogo pelo tradicional calendário chinês).
Passada a reunião de cúpula em que Chu e Jin quase se estranharam de vez (as duas províncias viviam uma espécie de guerra fria na época), o marquês de Qi teve que ir a Jin para honrar os acordos feitos em Song.
Quando ele estava para ir, Qing Feng, seu todo-poderoso ministro, questionou a ação:
Nós não participamos do pacto. O que você tem a ver com Jin?
Não entendo exatamente o que ele quis dizer, já que eles estiveram em Song. Pode ser que não tenham participado das discussões, nem influenciado (diretamente) decisão alguma.
De qualquer maneira, foi Tian Wenzi, o provável avô de Sun Tzu (Tian Kai/Wuzi), quem respondeu:
Negócios primeiro e então presentes, é a regra. Um pequeno Estado, servindo a um grande, antes de tratar de negócios [que é necessário], deve primeiro cumprir com sua demanda [de ir ao Estado grande], de acordo com os seus desejos; esta [também] é a regra. Embora não tenhamos tomado parte no pacto, ousamos nos revoltar contra Jin? Não nos esqueçamos do pacto de Chongqiu. Aconselhe o marquês ir.
A depender do desenrolar do meu trabalho, depois posso eventualmente escrever a respeito desse pacto de Chongqiu.
Nesse momento quero destacar que, ao que me parece, Tian Wenzi, parecia ser uma pessoa ponderada, que tinha uma boa noção de até onde ia o poder de Qi.
Já Qing Feng, ainda não entendi muito qual é a dele, mas está começando a me parecer que tem algo de assemelhado ao famigerado Nang Wa, vamos ver (e isso pode ser bom para minha história).
Swing das antigas
Ainda em 544 AEC, temos mais informações sobre Qing Feng e sua família. Consta que ele era chegado a uma birita e também gostava de caçar.
Para se dedicar a suas paixões, ele entregou suas atividades aos cuidados de seu filho Qing She (Zizhi) e mudou-se de mala e cuia para a residência de seu chegado Lupu Pie, onde não apenas bebia, mas também se entregava aos prazeres carnais, inclusive com as esposas de seu amigo (e vice-versa).
Para se dedicar a suas paixões, ele entregou suas atividades aos cuidados de seu filho Qing She (Zizhi) e mudou-se de mala e cuia para a residência de seu chegado Lupu Pie, onde não apenas bebia, mas também se entregava aos prazeres carnais, inclusive com as esposas de seu amigo (e vice-versa).
Isso mesmo, na China das antigas já se praticava a velha arte (alguns podem dizer senvergonhice) do swing.
Se bem que, a julgar pela quantidade de esposas de que dispunham os poderosos, acho que a coisa descambava mesmo para a ordinária suruba - com óbvia vantagem numérica para os homens.
E pelo que já andei lendo, o harém de muitos desses caras era de dar inveja ao do glorificado Salomão!
Se bem que, a julgar pela quantidade de esposas de que dispunham os poderosos, acho que a coisa descambava mesmo para a ordinária suruba - com óbvia vantagem numérica para os homens.
E pelo que já andei lendo, o harém de muitos desses caras era de dar inveja ao do glorificado Salomão!
Ocorre que, não muito tempo depois, Qing Feng resolveu espairecer um pouco numa caçada.
Aparentemente, Tian Wenzi vislumbrou que havia chegado o momento de finalmente dar um chega pra lá em seu rival.
Tanto que armou um esquema para que seu filho, Tian Wuyu (Huanzi), que participava da caçada junto com Feng, retornasse para casa e, na sequência, providenciou o assassinato de Qing She e alguns de seus aliados.
Aparentemente, Tian Wenzi vislumbrou que havia chegado o momento de finalmente dar um chega pra lá em seu rival.
Tanto que armou um esquema para que seu filho, Tian Wuyu (Huanzi), que participava da caçada junto com Feng, retornasse para casa e, na sequência, providenciou o assassinato de Qing She e alguns de seus aliados.
A grande matança
O assassínio ocorreu no décimo primeiro mês, durante uma cerimônia em que se realizavam os sacrifícios do outono.Curiosamente o duque Jing estava presente à cerimônia, mas aparentemente não sabia de nada, pois Bao Guo, um dos aliados de Tian Wenzi, teve que acalmar o regente antes de entregá-lo à proteção de Tian Xuwu, outro integrante da família do autor d'A Arte da Guerra.
Ao retornar, Feng ainda tentou uma contra investida, que mostrou-se infrutífera. Acabou fugindo para Lu, inicialmente, e depois para Wu, a terra que afamou Sun Tzu.
Quanto a Lupu Pie, ele foi banido para a fronteira norte.
O exílio de Feng ensejou, ainda, o retorno dos filhos do duque Zhuang, que haviam se dispersado após as presepadas armadas por Cui Shu (ou Cui Zhu, ou ainda Cuizi).
Quanto a Lupu Pie, ele foi banido para a fronteira norte.
O exílio de Feng ensejou, ainda, o retorno dos filhos do duque Zhuang, que haviam se dispersado após as presepadas armadas por Cui Shu (ou Cui Zhu, ou ainda Cuizi).
Com Feng fora da disputa, não deu outra, os Tian (ou Chen) caminhavam a passos largos para consolidar seu poder em Qi, exatamente no ano em que a história nos informa que teria nascido Sun Tzu.
Mas, claro, muita água ainda há de passar por baixo dessa ponte. Aguarde e confie!
Mas, claro, muita água ainda há de passar por baixo dessa ponte. Aguarde e confie!
Hasta.
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Pintura erótica chinesa encontrada no Pinterest (sem indicação de autoria ou data).
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