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Personagens da saga Guerra nas Estrelas empunhando seus respectivos sabres de luz; entre eles, Darth Vader, Yoda e Luke Skywalker

Há quase um mês publiquei o primeiro texto sobre 10 espadas famosas da China antiga. Cá, como lá, me ocorreu uma correlação inusitada.

Mas se lá era com espadas e artefatos mitológicos, cá eu volto meus olhos para o passado do futuro e faço a correlação com o não menos famoso sabre de luz, a icônica espada futurista apresentada ao mundo na saga Guerra nas Estrelas.

A correlação, a princípio, não tinha nenhum motivo em especial, a não ser o fato de eu ter pensado em encerrar o post com a famosa frase dos filmes.

No entanto, pesquisando um pouquinho, achei um adágio a respeito do sabre que parece encaixar-se como uma luva na história das espadas de verdade:

Uma arma elegante para uma era mais civilizada.

Não tenho uma memória boa para essas coisas, mas provavelmente isso foi retirado da fala de alguma personagem do filme (se você souber e quiser compartilhar, fique à vontade para deixar seu comentário).

Feito esse introito, volto ao motivo deste post: apresentar mais 5 de 10 espadas famosas da China antiga. Recordando, no primeiro texto escrevi sobre as seguintes espadas:

  • Cheng Ying, a espada de delicada elegância
  • Chun Jun, a espada da majestade
  • Yu Chang, a espada da bravura
  • Gan Jiang e Mo Ye, as espadas do amor
Neste post, vamos conhecer as 5 espadas restantes:

  • Qi Xing Long Yuan, a espada da integridade
  • Tai E, a espada do prestígio
  • Chi Xiao, a espada da soberania
  • Zhan Lu, a espada da benevolência
  • Xuan Yuan, a espada da divindade

As informações, como você viu lá (e as que verá aqui também), são baseadas principalmente no texto publicado no site China Daily USA. Então, sem mais delongas, vamos ao que interessa.

Qi Xing Long Yuan

Diz (mais um)a lenda que esta espada foi o trabalho conjunto de dois fabricantes espada, Ou Yezi e Gan Jiang.

Para fazê-la, utilizaram água da montanha Cishan, direcionando um curso d'água para as sete lagoas ao redor da fornalha de fabricação de espada.

Como as sete lagoas tinham a forma das sete estrelas da Ursa Maior, a espada foi nomeada Qi Xing (sete estrelas).

Também diz a lenda que se ela for observada por cima, dará a impressão de ser etérea e profunda, como se a pessoa estivesse em uma posição elevada com vista para um vale onde vive um enorme dragão.

Por essa razão a espada também foi nomeada Long Yuan (um abismo com um dragão).

Segundo os Anais de Wu e Yue, outro fator que fez esta espada famosa foi um pescador, cujo nome é desconhecido.
Ele salvou a vida de Wu Zixu (uma das principais personagens da história que escrevo).

Para expressar sua gratidão ao pescador, que se recusou a dizer seu nome, Wu teria enviado-lhe a espada Qi Xing Long Yuan. O pescador teria suspirado e dito:

Eu salvei a sua vida, porque você é um oficial leal do país, não porque eu queria a sua recompensa. Agora que você acha que eu sou um homem desejoso de lucros, eu tenho que mostrar a minha nobreza com esta espada.

Com essas palavras, ele cometeu suicídio com a espada e por isso Qi Xing Long Yuan passou a ser conhecida como a espada de integridade.

E eu provavelmente acabo de ganhar mais 3 nomes para personagens do livro: o dos dois fabricantes de espada desta lenda e o da esposa de Gan Jiang, da lenda das espadas do amor apresentada no primeiro post sobre as famosas lâminas.

Tai E

De acordo com a História Perdida de Yue, a valiosa espada Tai E foi produzida na província de Chu.

O governante (wang) da província de Jin, que então era o estado mais forte, não estava feliz com isso e tentou tomar posse da espada ao invadir Chu. Sitiada pelas tropas de Jin, o wang de Chu foi intimado a se render e ceder a espada a Jin.

Caso contrário, o seu país estaria condenado no dia seguinte. Em vez ceder à pressão, o wang de Chu, com a espada, liderou seu exército na defesa de sua província.
Foi uma questão de minutos (é a lenda que tá dizendo, não eu) antes de Chu ser totalmente ocupado por Jin. À beira da derrota, o wang de Chu soltou um longo suspiro e disse à espada:

E Tai, Tai E, hoje meu sangue será oferecido como um sacrifício para você.

Com estas palavras, ele desembainhou a espada do prestígio.

No momento em que a lâmina estava fora, um milagre aconteceu: os soldados de Jin ficaram assustados em desordem e foram todos mortos. Surpreso com isso, o wang de Chu perguntou:

Por que a espada foi tão poderosa?

E um assessor lhe disse que o seu poder mágico foi tirado do próprio poder interior do wang, da coragem de se manter firme diante de um inimigo formidável.

Chi Xiao

Na Dinastia Qin (221-207 AEC), houve um jovem que gostava de falar demais.

Um dia, ele pegou uma haste de aço podre e disse às pessoas que era uma espada que recebeu de um ser imortal que vivia na montanha Nanshan.

Ele a nomeou Chi Xiao e não deixava de carregá-la aonde quer que fosse.

Além disso, se gabava de que era ele próprio a encarnação de um dragão vermelho do Céu e de que havia conhecido o Imperador Qin, que, segundo ele, era a encarnação de um dragão branco.
Ele disse ainda que a encarnação do Imperador tinha se transformado de um dragão branco em uma cobra branca que errava em torno de Feng Xize, alegando que ele, agora com mais poder mágico que Qin, viria a ser o próximo imperador.

Pessoas de todos os cantos sabiam que ele era um fanfarrão e não acreditaram na sua tolice.

No entanto, a desconfiança das pessoas em relação a ele mudou depois do que aconteceu em uma noite, quando algumas dúzias de jovens, incluindo o fanfarrão (que pra variar estava carregando sua espada), foram até a cidade de Feng Xize para fazer algum trabalho de aprendiz.

No caminho, eles foram confrontados por uma enorme serpente branca. Aterrorizados por isso, ninguém se atrevia a mover-se.

Foi o fanfarrão que se ofereceu para matar a cobra, perseguindo-a floresta adentro. Os outros esperaram sua volta, mas ele não voltou naquela noite.

Finalmente, eles voltaram para casa, acreditando que ele tinha se tornado a ceia da serpente.

No dia seguinte, as pessoas encontraram a cobra morta e o jovem deitado nas proximidades.

Sua haste de aço podre tinha sido substituída por uma espada reluzente, com dois caracteres em que se lia "Chi Xiao".

Surpreendidas por esta cena, as pessoas perceberam que tudo o que o fanfarrão disse foi verdade.

O jovem era Liu Bang, que mais tarde derrotou o imperador Qin e fundou a Dinastia Han.
A espada Chi Xiao era a que ele usou para matar a cobra e liderar as batalhas em sua revolução contra o imperador.

Por isso, o dragão branco foi substituído pelo dragão vermelho de Liu e Chi Xiao ficou conhecida como uma espada de soberania.

Zhan Lu

Zhan Lu era mais parecida com um par de olhos do que com uma espada. Na cor preta, a espada longa, sem marcas, dava uma sensação de bondade e benevolência, em vez de afiação.

Como olhos profundos e perceptíveis do Céu, a espada observou o comportamento dos reis.

Se um rei tinha integridade moral, então a espada seria com ele e seu reino seria próspero; se o rei não tem integridade moral, a espada iria deixá-lo e seu reino, desmoronar.

Ao terminar a espada, Ou Yezi (o mesmo cara que, junto com Gan Jiang, produziu a espada Qi Xing Long Yuan) não pôde deixar de derramar lágrimas, pois ele finalmente realizara seu sonho de vida: moldar uma espada forte, incomparável, mas sem uma aparência assassina.

A benevolência não conhece inimigo. Zhan Lu era uma espada de bondade.

Xuan Yuan

A espada Xuan Yuan foi feita para o Imperador Amarelo, por imortais, com cobre da montanha Shoushan e mais tarde passou para o imperador Yu, da dinastia Xia.
De um lado da lâmina da espada da divindade foram esculpidos o sol, a lua e as estrelas; do outro lado, montanhas, rios e árvores.

De um lado da empunhadura, foi gravado o conhecimento sobre agricultura e pecuária; do outro lado, foram descritas políticas de unificação.

Fato ou ficção?

Embora a existência de nomes repetidos em mais de uma das lendas sobre as famosas espadas da China antiga possa ser um indício de que há algum fundo de verdade nessas lendas específicas, apenas uma das espadas existiu com certeza.

Aliás, ainda existe! É a Chun Jun, ou espada da majestade, da qual falamos no primeiro texto desta série e que atualmente está exposta no Museu Provincial de Hubei, na China.

Eu particularmente creio, devido ao pano de fundo histórico presente nas respectivas lendas, que possam ter existido as espadas Cheng Ying, Yu Chang (que certamente fará parte da minha história... de fato, já escrevi o primeiro rascunho do trecho em que ela aparece), Tai E e Chi Xiao.

E você, o que acha disso tudo? Deixe seu comentário que terei o maior prazer em discutir esse e outros assuntos relacionados.

E que a força esteja com você!

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Imagem dos personagens de Guerra nas Estrelas obtida no site Poltrona de Cinema (clique no link e confira algumas curiosidades sobre a arma fictícia).

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