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Jonny Lee Miller, Lucy Liu e Rhys Ifans encarnam, respectivamente, Sherlock, Watson e Mycroft na série Elementary

Não que eu seja um viciado em séries, como algumas pessoas que eu conheço. Mas acaba que eu assisto uma ou outra, dentro da limitadíssima quantidade de tempo de que disponho.

E até por conta disso, as que acompanho mesmo são poucas:

  • Game of Thrones
  • Sherlock
  • Elementary

Game of Thrones e Sherlock são excepcionais. Concepção, roteiro, produção, atuações... tudo é superlativo em ambas.

Seu maior defeito é que duram pouco - o que, naturalmente, é uma forma irritante de confirmar o (mal)dito popular.

Elementary é OK, embora tenha lá seus momentos de genialidade. E é por conta de um desses momentos (adivinha só) que você está lendo esse post.

Como assim?

Caso você não saiba, os produtores da série pegaram um personagem que nem é muito conhecido, Sherlock Holmes, tiraram ele da Londres das antigas e o colocaram na Nova Iorque dos dias atuais.

Seu fiel escudeiro, Watson, agora atende pelo prenome Joan (sim, é uma mulher; não, eles não tem um relacionamento amoroso).
Aos poucos, outros personagens do universo criado por Conan Doyle vão dando as caras: Irene (interpretada pela deliciosa Natalie Dormer, a Margaery Tyrell, de Game of Thrones), Moriarty, Lestrad e Mycroft (interpretado pelo ótimo e sempre impagável Rhys Ifans).

Aliás, Mycroft é a personagem responsável por um dos recentes momentos de genialidade da série e pela conexão com um dos preceitos d'A Arte da Guerra: o da insondabilidade.

Isso mesmo, insondabilidade. Claro que Sun Tzu nunca usou essa palavra, e eu acho até que é difícil alguém usá-la hoje em dia. Mas a questão é a seguinte:

Mantém em segredo tuas formações e teus planos, permanecendo insondável para os inimigos, e espera a que se produza um ponto vulnerável para avançar.

Acho que está claro, né?, não vou precisar explicar.

Agora, fazendo a conexão com o assunto principal do post, nosso amigo Mycroft Holmes em tudo se parece com um zé ruela qualquer.

Não tão inteligente quanto seu irmão famoso, dono de uma rede de restaurantes que quase faliu, vira e mexe sai de Londres e vai para Nova Iorque para atazanar a vida do Sherlock.

Entre uma briga de irmãos e outra, ele acaba se envolvendo com a doutora Watson (sim, a amiga do detetive) e acaba também envolvendo-a numa trama sinistra com participação especial da máfia, se não me falha a memória, franco-russa.

Paint in black

E é aqui que a porca torce o rabo. Em determinado momento da trama (estamos falando da temporada 2014), Watson é sequestrada pelos mafiosos.

Em troca de sua vida, eles pedem  que lhes seja entregue um homem que havia roubado uma informação da qual necessitavam.

Sherlock, com sua perspicácia habitual, mata a charada e diz ao irmão para não irem ao encontro sem apoio das autoridades (no caso, a NSA do episódio Edward Snowden), pois os mafiosos não cumpririam a palavra e acabariam por matar a todos.

Obviamente que o tapado do Mycroft não deu ouvidos ao seu irmão, tascou um taser nele e foi ao encontro sozinho, apenas com a cara e a coragem.

Lá chegando, cordialidades iniciais devidamente registradas, eis que a verdade se impõe e, sim, a verdade estava do lado de Sherlock. Após certificar-se de que tinha o que queria, o chefe dos mafiosos simplesmente manda matar Mycroft e Watson.

Naturalmente, esta não era a única verdade. Ora, estamos a falar sobre esconder o jogo e também sobre máfia e sobre detetives. Nada é tão simples assim.

Mycroft, muito calma e polidamente, sob a mira das armas, solicita que lhe sejam concedidas as últimas palavras antes de lhe abotoarem o paletó de madeira.

Pedido atendido, o súdito da rainha emenda um "pintar de preto" (o paint in black aí do subtítulo).
Preciso dizer que os bandidos mal tiveram tempo de se perguntar que diabos significava aquilo?

Ok, ok, eu digo e digo mais: quase que imediatamente os cabras foram cirurgicamente alvejados pelos franco-atiradores do MI6.

Mycroft, o obtuso irmão do mais famoso detetive de todos os tempos, após mais ou menos uma temporada inteira, revelava-se então nada mais nada menos que um agente do serviço secreto britânico.

OK, e isso com A Arte da Guerra?

A questão aqui era que ele já tinha um plano bem definido para aquela situação e, se e o compartilhasse com o irmão, poderia por tudo a perder.

Em situações de competição (e espionagem nada mais é que uma, assim digamos, ferramenta de apoio à competição, seja esportiva, comercial ou política) essa é a tônica.

Esconder o jogo para obter a vantagem que se pretende.

E mesmo Mycroft afirmando categoricamente que "eu sou o MI6", e mesmo ele conseguindo tão brilhantemente esconder de Sherlock sua condição, ora, ele não passa de um peão nesta trama internacional.

Mal sabe que também o MI6 esconde coisas dele e sobre ele que... bem, deixemos para outro momento, ou então assista a série e nos diga aí nos comentários o que você pensa disso tudo.

Inté!

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PS1
Este conceito me faz lembrar daquela cena do filme O Poderoso Chefão, em que os cabeças das famiglias estão reunidos, alguém faz uma proposta da qual o dom Corleone (Marlon Brando) discorda abertamente e seu filho Sonny (James Caan), por sua vez, discorda de seu pai.

Na hora nada acontece com Sonny, mas depois ele toma uma catracada daquelas que só o Padrinho consegue (embora a merda já tivesse sido jogada no ventilador e o rebento do Corleone viesse a sofrer as consequências).

OK, ok, não é exatamente a mesma coisa, mas eu correlaciono, fazer o quê...

PS2
Há também um evento em Game of Thrones que tem muito a ver com a insondabilidade de Sun Tzu, e talvez em algum momento eu faça um post sobre este evento. Dica, tem a ver com o Mindinho...

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Imagem da CBS, obtida no site canada.com

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