Nos tempos de Sun Tzu VIII -- V de vingança
Um soberano não pode convocar o exército só por raiva, e um general não pode lutar apenas por vingança. Uma pessoa com raiva pode recuperar a serenidade, e o ressentido pode ser apaziguado, mas um Estado arruinado não se recupera, e os mortos não podem voltar à vida.
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<< V de Vingança, HQ criada por Alan Moore e David Lloyd -- via Portallos >> |
A decisão é sua: siga ou não siga os ensinamentos d'A Arte da Guerra, mas que a frase de Sun Tzu acima parece talhada para os eventos do post que ora escrevo, ah isso parece!
Então, sem delongas, continuemos e você veja se estou certo ou errado.
Após anos e anos infligindo derrotas sucessivas e desmoralizantes a Ch'u, o momento decisivo se aproxima e Wu está cada vez mais perto de alcançar seu grande objetivo.
Antes disso, no entanto, uma trama paralela (por assim dizer) acaba tendo um desfecho favorável a Wu, que aproveita a oportunidade e se fortalece ainda mais.
Ocorre que, após um bom tempo (ali por volta de 506 AEC), os regentes de Ts'ai e T'ang presos por Nang Wa são libertos, devido a pressões diplomáticas de uma aliança de províncias setentrionais lideradas por Chin (esta mesma uma aliada de Wu).
Curiosamente, Chin liderava a coalizão, mas não estava lá muito animada (mesmo sendo bastante poderosa por si só) a iniciar qualquer ação militar contra Ch'u.
Assim, no final das contas, nenhuma pressão coercitiva (militarmente falando) de verdade foi feita, e a liberação dos prisioneiros deu-se apenas em função:
- do espectro da ameaça que pairava sobre Ch'u por conta da coalizão; e
- de novos presentes oferecidos pelos primeiros ministros de Ts'ai e T'ang, agora irresistíveis aos olhos de Nang Wa.
Não é que, durante o retorno para casa, num ato de vingança por ter sido abandonado no cárcere, o marquês de Ts'ai ataca a pequena mas antiga província de Shen e assassina seu regente?
Lógico que as torcidas da Flamengo e do Corinthians, junto com a província de Wu, agradeceram, já que este ato estimulou Ch'u a agir em represália, iniciando os preparativos para enviar uma força militar punitiva, que chegou a sitiar Ts'ai.
Estado de sítio!
Embora protegido por muralhas que Ch'u mesmo havia erigido, Ts'ai sabia que seria derrotada, quem sabe mesmo exterminada, e resolveu apelar aos préstimos da boa e velha Wu.A aliança foi selada após Ho-lü, uma vez mais, ouvir seus conselheiros quanto à viabilidade de tomar Ying.
Segundo os registros históricos tradicionais, Wu Tzu-Hsü e Sun Tzu, teriam feito o wang perceber a oportunidade de uma aliança que aproveitasse a animosidade existente entre as províncias de Ts'ai e T'ang e o ganancioso Nang Wa.
Ho-lü, que até então nada tinha de bobo, aproveitou a chance e ganhou um aliado no coração dos domínios de Ch'u.
Melhor ainda, ao longo de uma das poucas rotas de invasão possíveis, o que lhe garantiu:
- guias locais;
- força militar adicional; e
- reprovisionamento no território do inimigo.
Consequentemente, as embarcações que Wu possuía poderiam ser utilizadas para transportar mais tropas ou uma pequena quantidade de carruagens a montante do rio Huai.
Adicionalmente, as forças de Ts'ai não apenas incrementaram a quantidade total de tropas a desafiar Ch'u, mas também imediatamente reduziram suas possibilidades táticas, os forçando a consignar a uma localização fixa uma quantidade significativa de homens.
No fim das contas, como resultado dos atos inconsequentes e insensatos de dois homens (Nang Wa e o marquês de Ts'ai), Wu marcava mais alguns pontos em sua cruzada épica. Mais fortalecido ainda, parte com tudo para cima de Ch'u.
É o confronto final que se aproxima e que apreciaremos a partir do próximo post, se tudo der certo, daqui a duas semanas.
Remember, remember...
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