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Gorbachev e Reagan assinam acordo sobre mísseis
<< Era uma vez uma quase guerra -- via O Informante >> 

A história militar do ocidente é repleta de estrategistas e estratégias de guerra brilhantes, desde a mais remota antiguidade até o conturbado século XX.

Recentemente me deparei com um texto que cita a falecida ex-primeira ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher, a afirmar que o também finado ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, "venceu a Guerra Fria sem disparar um tiro".

Não sei se ele teve mesmo este mérito, mas certamente isto me lembrou Sun Tzu e sua memorável frase:

A habilidade suprema não consiste em ganhar cem batalhas, mas sim em vencer o inimigo sem combater. 

Naturalmente temos pouco conhecimento, mas o fato é que a arte da guerra no "exótico" mundo oriental também possui em sua história grandes estrategistas. O Vietnã e Sun Tzu não me deixam mentir.

A batalha de Chi-fu, que acompanhamos nos textos anteriores, também não. E a história da contenda entre Wu e Ch'u, menos ainda. Não acredita? Vamos lá então!

Depois de Chi-fu

Cerca de cinco anos depois da batalha citada acima, o wang P'ing de Ch'u morreu e Chen foi estabelecido como seu sucessor, tornando-se o wang Chao.

Muito jovem, Chao é sensivelmente influenciado pelo primeiro ministro Nang Wa, que, aparentemente, considera-se o wang em pessoa.

Para aproveitar o momento de luto, o wang Liao de Wu enviou dois príncipes a comando dos respectivos exércitos para atacar Ch'u, que mobilizou seus exércitos e cortou a retaguarda das tropas enviadas por Wu, impedindo seu retorno.

Com Wu desguarnecida, o príncipe Kuang arquitetou a morte do wang Liao pelas mãos de Chuan Chu e ascendeu ao trono como wang Ho-lü, mudando a capital para Su-ku.

Quando as tropas que Liao havia despachado para Ch'u souberam de sua morte, seus comandantes "entregaram-se" e foram estabelecidos em Shu (parece que patriotismo não era o forte deste pessoal).

Com sua ambição satisfeita, Kuang convocou Wu Tzu-hsü para servir como oficial de protocolo para enviados estrangeiros e ajudá-lo no planejamento dos assuntos de governo.

Por razões que não vêem ao caso agora, Ch'u executou seus ministros chefes Hsi Yüan e Po Chou-li, o que resultou na fuga do neto deste último, Po P'i. Seu destino também foi Wu, onde foi estabelecido como alto oficial, talvez por orientação do próprio Wu Tzu-hsü.
Isso tudo aconteceu mais ou menos pelo ano 514 AEC (isso tudo também deve corresponder mais ou menos ao começo da história que escrevo).  Dois anos depois, Sun Tzu inicia suas atividades militares em Wu, que logo a seguir, por volta de 511 AEC, inicia campanhas militares praticamente anuais contra Ch'u.

Uma das primeiras já contou com a participação de seu dream team completo (Wu Tzu-hsü, Po P'i e Sun Tzu) e teve como objetivo atacar Shu e capturar os vira casacas que haviam se mancomunado com o inimigo.

E tome estratégia

Em cada ataque, sempre vitorioso, Wu conquistava mais províncias associadas a Ch'u, às vezes as absorvendo permanentemente, outras, simplesmente as libertando do jugo que lhes era imposto.

Ao mesmo tempo, buscou garantir que quaisquer das pequenas mas poderosas províncias que tivessem condições de montar um ataque surpresa a seus domínios tivessem seu potencial militar neutralizado por meio de agressivas ações militares preventivas.

Ho-lü adotou deliberadamente uma estratégia que objetivava enervar o inimigo e dissipar seus recursos enquanto ganhava tempo para se fortalecer.

A estratégia consistia, basicamente, em dividir o exército em três unidades, que eram enviadas, uma de cada vez, à fronteira com Ch'u.
Quando este enviava seus exércitos, a unidade de Wu recuava, jamais se envolvendo em batalhas prolongadas ou confrontos decisivos.

A mobilidade era essencial para efetuar uma campanha de longo prazo que não apenas tinha objetivos físicos, mas também era focada em:


A estratégia foi implementada de forma a permitir que as forças da província liderada por Ho-lü pudessem descansar e se recompor e que o inimigo fosse minado e enfraquecido.

Além disso, o poder esmagador de Ch'u e a natureza largamente impenetrável de seu território também estabeleciam a necessidade de se evitarem confrontações precipitadas, nas quais Wu inevitavelmente veria-se em ampla inferioridade.

Por conta disso, inclusive, contemplou a necessidade de utilizar a seu favor as difíceis características do terreno e dos rios, fazendo com que o inimigo se dispersasse, escolhendo cuidadosamente seus objetivos e concentrando suas forças repentinamente onde não era esperado.

Não por acaso, ações como estas são previstas n'A Arte da Guerra de Sun Tzu e contribuíram decisivamente para o desenrolar da querela entre Wu e Ch'u.

E nos próximos três ou quatro posts teremos uma boa ideia de como foi este desenrolar, finalmente concluindo esta série-de-textos-quase-saga sobre os fatos que marcaram a época de Sun Tzu.

Partiu!

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