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Do Cheio e do Vazio -- Capítulo VI do livro A Arte da Guerra de Sun Tzu

A grande sabedoria é obter do adversário tudo o que desejas, fazendo com que seus atos redundem em benefícios para ti.
Desenho de fantoches sendo manipulados com fios por um mestre titeriteiro

Não se deixe confundir pelo título.

Apesar de parecer tanto quanto metafísico, Do Cheio e do Vazio, o sexto capítulo do livro A Arte da Guerra discorre mesmo, principalmente, sobre o comportamento do general perante o inimigo..

E, por tabela, sobre como infernizar a vida dele:

  • ocupe o terreno;
  • controle os movimentos do inimigo;
  • imponha a ele o combate;
  • faça-o ir aonde for melhor para você;
  • atrapalhe sua vida;
  • vigie-o atentamente;
  • utilize-se do elemento surpresa; e
  • cuidado com os inimigos nas trincheiras e por aí vai.

Não é de se admirar que, mais uma vez, Sun Tzu nos lembre da importância da dissimulação.

Muitos destes comandos aí em cima dependem de saber fazer com que o inimigo veja o que não é e pense estar fazendo a coisa certa, quando, na verdade, está a caminho da derrocada.

Conselhos práticos

Este também é um capítulo de conselhos práticos, em contraste franco com a também incensada obra de Miyamoto Musashi, O Livro dos Cinco Anéis, sobre a qual já comentei neste mesmo blog.

De maneira geral, o espírito pode ser resumido nesta frase de Sun Tzu, encravada ali pelo terceiro parágrafo:

Um grande general não é arrastado ao combate; ao contrário, sabe impô-lo ao inimigo.
Para tanto, deve:

  1. escolher criteriosamente o terreno do campo de batalha, não permitindo que o inimigo tome a dianteira; 
  2. ter a habilidade necessária para controlar os movimentos do inimigo (e escolher bem o terreno já seria um bom início de conversa); 
  3. fazer com que ele, o inimigo, vá exatamente aonde se quer, utilizando-se de subterfúgios como facilitar ou dificultar seus movimentos (torne fácil para ele ir aonde você quer e torne difícil seu caminho em direção a lugares que não seria bom, para você, que ele ocupasse); e 
  4. deixar que o inimigo se movimente primeiro, mas sempre tomando atitudes que o deixem alarmado, de modo a induzi-lo a cometer imprudências que poderão ser proveitosas.

Controlando os passos do inimigo

Note bem a importância que ele dá ao controle que se deve ter não apenas das próprias ações, mas também de todo e qualquer passo do inimigo.

E não apenas no sentido de saber o que os caras estão fazendo, mas de induzi-los a fazer o que queremos que eles façam. Inclusive, e talvez principalmente, ao erro.

No fim das contas, o título parece adequado (apesar de meio metafísico), já que, de certa forma, o capítulo é sobre o preenchimento dos espaços - tanto físicos, no terreno, quanto psicológicos, na mente das próprias tropas e, especialmente, das hostes do inimigo.

Em resumo, uma parte significativa deste capítulo é dedicada a transformar o leitor em um mestre titeriteiro.

E o fantoche não poderia ser outro: o inimigo.

Exemplos complementares (ou, uns seis mandamentos)

Adicionalmente, encontramos conselhos de Sun Tzu complementares ao tema central, que valem a pena ser destacados aqui:

  • não dividir o próprio exército (e provocar isso no inimigo);
  • (por consequência) deve-se concentrar as principais forças do mesmo lado (e o que se quer dizer com isso é que, se a intenção for, por exemplo, atacar pela ala esquerda, é necessário ali dispor o que há de melhor nas tropas);
  • conhecer a fundo não apenas o local, mas também o dia, a hora e o momento exato do combate;
  • estar informado a respeito de cada passo do inimigo (ah, Varys e Mindinho!);
  • posicionar-se à distância apropriada do inimigo no dia determinado para o combate (não menos que algumas léguas, não mais que dez léguas inteiras); e
  • não procurar ter um exército muito numeroso.

O tamanho do exército e uma contenda histórica

Sobre a grandeza do exército, explica que um pequeno exército bem disciplinado e sob o comando de um bom general é invencível.

E exemplifica sua afirmação citando a histórica contenda entre os reinos de Yue, com um exército numeroso (e derrotado), e de Wu, com poucas tropas (mas vencedor).

A esse respeito, eu perguntaria, ainda, se alguém aí se lembra da guerrilha cubana, Vietnã e outras querelas mais recentes em que o "mais fraco" acabou vencendo.

Por fim, o capítulo é encerrado com uma referência a uma questão central d’A Arte da Guerra: a necessidade de se adaptar às circunstâncias. Diz Sun Tzu:

um exército bem comandado e bem disciplinado [apresenta-se] multifacetado, em função das circunstâncias e dos inimigos 

Também escrevi um texto sobre isso aqui neste mesmo blog (e logo logo voltarei a tratar deste assunto).

Por enquanto, ficamos por aqui.

Zài Jiàn!

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Créditos e referências

  • Marionetes - desenho encontrado no blog Cia dos Ventos, sem indicação de autoria.

4 comentários:

  1. Voce sabe me informar, como esta obra chegou ao ocidente? Quem a trouxe e quando chegou?
    Atenciosamente

    Analu

    ResponderExcluir
  2. Oi, Analu.
    Obrigado por seu interesse.
    Veja neste link, esta e outras informações sobre a obra, ok?

    http://suntzuproject.blogspot.com/p/obra.html

    Se tiver mais dúvidas, volte a entrar em contato.

    Abs,
    Gameiro.

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  3. Estou fazendo um trabalho da faculdade sobre o livro e eu fiquei com este capítulo. =D Vlw!

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  4. Opa, Bruno.

    Espero que ajude. Em breve publicarei a segunda parte sobre o capítulo VI.

    Abs,
    Gameiro.

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